| Escolas não são todas iguais |
Fernando Leme do Prado
O senso comum, que representa o pensamento de um grupo em um determinado período, é, muitas vezes, confundido com o bom senso, que representa a melhor e mais racional escolha dentre as possibilidades existentes. Na esfera educacional os dois conceitos muitas vezes se confundem, sobretudo em função da visão tradicionalista das pessoas que acreditam estar oferecendo as melhores oportunidades aos seus filhos, repetindo suas próprias trajetórias. O principal equívoco está em desconsiderar as mudanças que ocorreram neste espaço de uma geração. Assim, esperar que os filhos encontrem o mesmo mundo, através da mesma escola, onde os pais estiveram equivale a prepará-los para o passado e não para o futuro, pois o mundo mudou e mudará.
Neste contexto, muitas instituições de ensino buscam novas metodologias e novas tecnologias, além de mudanças na estrutura escolar, para reduzir a distância entre o mundo educacional e o mundo real. Enfrentam, entretanto, a visão saudosista e tradicionalista de muitas famílias que, distante das possibilidades educativas, faz em suas escolhas usando o senso comum e não o bom senso. Os resultados, previsíveis, são a formação de pessoas inadaptadas ao mundo produtivo, despreparadas para realidade mutante em que viverão.
Alguns sinais de modernidade podem ser observados nesta relação de pais e escolas tendo como finalidade uma educação voltada para o futuro: organização curricular flexível; matrícula por disciplina; sistemas semestrais; tecnologias a serviço de uma metodologia; propostas pedagógicas com foco na aprendizagem; dentre outras. Do mesmo modo, os sinais de anacronismo são: sistemas rígidos; seriados anuais, típicos de países do terceiro mundo; propostas pedagógicas baseadas no conteudismo e no instrucionismo, que se apoiam na extensa retenção de matéria, em geral inútil, como se fossem conhecimentos e tecnologias, como tablets em sala de aula, como mera estratégia de marketing.
Conhecer as escolas, suas propostas e a educação que se quer, fugindo do senso comum e do tradicionalismo é o melhor caminho.
Fernando Leme do Prado é Doutor em Educação (PUC-SP), Mestre em Educação (UNICAMP), Especialista em Educação Profissional e Tecnológica, Licenciado em Matemática, Física e Pedagogia, Autor dos livros: “Os novos cursos de graduação tecnológica” e “ Metodologia de Projetos” e colunista.